Wim Crouwel
Wim Crouwel é tipógrafo e designer gráfico, nascido na Holanda na cidade de Groningen em 1928. Iniciou seus estudos em artes plásticas em 1946 na academia de arte Minerva (Groningen) onde teve contato com o trabalho do cartazista art déco Cassandre. Reconhecido pela qualidade de suas ilustrações, os projetos do artista francês também se destacavam pelo aspecto plástico e refinado dos alfabetos que desenhava. Essa característica teria servido como o estopim do interesse pessoal de Crouwel no desenvolvimento de suas primeiras experiências tipográficas.
Em 1952, após completar seus estudos preliminares, Crouwel muda-se para Amsterdam e sob a orientação do professor Charles Jongejans inicia uma promissora carreira como designer gráfico. Ao lado de seus colegas Otto Treumann e Dick Elffers, Wim Crouwel destacava-se com trabalhos de grande investigação formal, aprofundando sua linguagem gráfica em uma vasta gama de cartazes, calendários e peças de publicidade - tendo como principais clientes museus e fundações de arte.
O trabalho de Crouwel baseava-se sobretudo na criação de letterings gerados a partir de estruturas geométricas e sistemas modulares, assim como na utilização racional das grades de construção - inspirado no tradicional design gráfico suíço. Interessado por novas tecnologias, Crouwel estendeu o uso dessas estratégias aos novos meios eletrônicos de geração de imagens, como os monitores dos primeiros microcomputadores e as máquinas de fotocomposição. Por conta deste interesse, entre 1965 e 67, desenvolve seu mais conhecido projeto tipográfico: o sistema 'new alphabet'. Nesta experiência radical, o designer propõe um alfabeto projetado especialmente para os equipamentos de fotocomposição, criando letras estritamente geométricas adaptadas aos recursos de visualização da nova tecnologia. O projeto torna-se rapidamente objeto de crítica e reflexão, contestado pela pouca legibilidade da proposta, mas respeitado por antecipar questões relativas às novas possibilidades tecnológicas.
Em 1963 Crouwel funda com mais quatro colegas o primeiro coletivo de design gráfico dos Países Baixos, o estúdio Total Design, que se manteve em atividade até a década de 80. O estúdio tornou-se mundialmente conhecido pela abordagem racional e funcionalista de seus projetos, tornando-se um dos ícones do Estilo Internacional.
Ainda em 1963, desenvolve seu primeiro projeto filatélico para a empresa Dutch PTT. Ao lado de Otto Treumann, Wim Crouwel seria responsável por transformar a filatelia holandesa num universo de experimentação gráfica sem paralelos no resto do mundo, retomando após 30 anos o mesmo espírito de vanguarda antecipado por Piet Zwart, Kiljan e Schuitema. Especialmente na década de 70, Wim Crouwel é um dos profissionais responsáveis pelo que há de mais interessante e moderno no design filatélico mundial, influenciando com seus trabalhos projetistas do mundo inteiro.
Em 1976, desenvolve uma série de selos permanentes utilizando uma de suas experiências tipográficas mais bem sucedidas - a família Gridnik. Neste trabalho Crouwel faz uso do alfabeto inicialmente projetado para uma máquina de escrever da Olivetti, que não chegou a ser produzida. As letras são construídas dentro de uma grade geométrica respeitando a angulação de 45° em suas diagonais. O selo (exclusivamente tipográfico) circulou ao longo de 25 anos, deixando de ser emitido apenas em 2001.
Entre 1985 e 1993, torna-se diretor do Museu Boijmans Van Beuningen em Rotterdam, envolvendo-se com diversas exposições e atividades acadêmicas, lecionando em importantes escolas européias.
Ao longo de sua carreira, Wim Crouwel não havia efetivamente produzido nenhum de seus alfabetos, utilizando-os apenas em seus próprios trabalhos. No final da década de 90, encontra-se com o designer e tipógrafo inglês David Quay - sócio e responsável pelos projetos comercializados na distribuidora inglesa The Foundry. Desse encontro são produzidos arquivos digitais dos alfabetos de Crouwel, ampliando e imortalizando suas experiências tipográficas. O conjunto desenvolvido apresenta as famílias Gridnik, New Alphabet, Fodor, Catalogue e Stedelijk.
Aos 80 anos, Wim Crouwel ainda é um importante membro da cena contemporânea do design gráfico holandês, trabalhando como freelancer e consultor.
1. Wim Crouwel e seus projetos tipográficos lançados pela the Foundry.
2. selos postais permanentes criados por Crouwel, 1976.
3. alfabeto Gridnik, desenvolvido inicialmente para Olivetti, 1976.
4. selo postal para feira de Osaka, 1970.
5. new alphabet: experiência tipográfica, 1965.
6. detalhes do sistema tipográfico proposto por Crouwel.
7. selos postais em homenagem ao movimento de Stijl, 1983.
8. cartazes desenvolvidos por Wim Crouwel, 1960 e 1967.